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Opinião - Por que não aproveitar o tempo para orar?
27.03.2020 | 12:04 | #capelania-e-identidade-crista
Opinião - Por que não aproveitar o tempo para orar?

A situação de exceção causada pelo coronavírus, faz-nos ver que não somos autossuficientes no
que diz respeito à vida. Mais, temos um tempo maior para nós, devido ao confinamento
necessário. Por que não o aproveitar para orar mais?

Há bem poucas coisas sobre as quais nos enganamos com tanta facilidade como esta: termos
tempo para orar. Geralmente, nós não gostamos e tiramos tempo para orar, e, frequentemente
experimentamos na oração, o tédio, a desorientação, a repugnância e até mesmo a hostilidade.
Neste momento, tudo nos parece mais importante e agradável, e dizemos para nós mesmos:
“agora não tenho tempo para orar”, ou, “aquela ocupação é mais urgente agora!”. No entanto,
o tempo que não é empregado na oração é geralmente mal gasto com coisas supérfluas.

É necessário que nós não deixemos de enganar a nós mesmos e a Deus. É muito melhor
confessar claramente: “eu não quero orar”, do que se iludir com tais artimanhas. Isso é fraqueza
de espírito!

Não devemos ser “fracos” para pôr em prática o que o dever e a necessidade requerem, e nem
devemos hesitar se esta prática for difícil e exigir muito esforço. Sem oração, a nossa fé no
Criador e Senhor da Vida e da História se definha e a vida de amor e solidariedade aos irmãos
atrofia. Não se pode ser humano durante muito tempo sem orar, assim como não é possível
viver sem respirar.

Mas a oração é de fato tão necessária? Não será a oração uma ocupação própria de pessoas
medrosas ou até mesmo “fracas”, que não estão preparadas para a vida?

A pessoa humana cada vez mais, e até os cientistas de toda ordem assim o advertem, corre um
grande perigo se não tiver uma vida de oração. A própria ciência deixa claro que a pessoa
humana que só vive voltada para o exterior, arrastada de uma coisa para a outra, que se
comunica, que se move, que age e luta voltada somente para o exterior, acaba consumindo-se
e definhando-se como ser humano e divino. É preciso que a vida seja também orientada para o
interior, que se renove a partir de suas próprias raízes para por em ação o que é próprio do ser
humano e divino.

A pessoa humana está se distanciando cada vez mais do centro interior, no qual se estrutura a
sua personalidade humana e divina e orienta sua vida: diante do turbilhão de exigências
exteriores e do barulho das atividade externas, perde a sua segurança interior, e, por trás de
uma aparente auto suficiência, lateja uma angústia cada vez mais ameaçadora.

Deus Criador o Senhor da Vida e da História depositou em nós Sua vida. Ela deve ser cuidada,
ser desenvolvida, ser realizada a partir do interior – uma vida de oração. Ela é colocada por Deus
em nossas mãos, tal como a frágil vida de uma criança nas mãos de sua mãe ou como a vida de
uma pessoa doente nas mãos de seu médico. Quem ora cuida da verdade da vida: ela é
completa somente em Deus.

Dom Jacinto Bergmann,
Arcebispo Metropolitano da Igreja Católica de Pelotas

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