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Opinião: “O que eu amo quando Deus me ama e eu o amo?”
Opinião: “O que eu amo quando Deus me ama e eu o amo?”

Muitas realidades novas surgiram e estão surgindo com a pandemia da COVID19. Também, em muitos casos, a relação das pessoas humanas com Deus e Ele com elas configurou-se de forma surpreendentemente nova. Houve uma nova abertura para Àquele que é o Alfa e o Ômega, Criador-Redentor-Santificador.

Assim, para muitas pessoas houve uma sentida “volta” a Deus - Ele estava um tanto “esquecido!”. Outras, mesmo estando com Deus, tiveram uma maior “aproximação” com Deus - Ele estava um tanto “longínquo!”. Ainda outras, já estando com Deus e tendo uma proximidade com Ele, fizeram uma profunda “experiência” de Deus - Ele tornou-se o “ponto decisivo” do seu existir. Por fim outras, estando com Deus, sendo Ele próximo e experienciando-o na vida, descobriram a verdadeira e infalível felicidade do “amor” de Deus e a Deus – Ele começou a ser “vivenciado” como Deus-amor e ser “amado” como Deus-amor.

Como alguém chega esta última descoberta da verdadeira e infalível felicidade em Deus-amor? Todos fomos criados-redimidos-santificados para sermos “imagem e semelhança de Deus”. Sermos “imagem” é sermos como Deus é: “amor”; sermos “semelhança” é agirmos como Deus age: “amar”! Sermos “imagem” - amor e agirmos “semelhantemente” - amar é sermos plenamente humanos e felizes.

Quando chegamos a esta experiência do amor de Deus e a Deus, brota em nós a grande questão, que o grande Santo Agostinho também formulou (parafraseando-o): “O que eu amo quando Deus me ama e eu amo?” Posso ainda amar o relativo da criação, amando o absoluto do Criador-Redentor-Santificador?

Com o santo de Hipona, começamos a responder negativamente (sempre parafraseando-o): “Eu não amo a formosura corporal, nem a glória temporal. Nem amo a claridade da luz tão amiga destes meus olhos, nem as doces melodias das canções, nem o suave odor das flores, dos perfumes ou dos aromas, nem o saboroso ‘maná’ e o apetitoso ‘mel’, nem os membros flexíveis aos abraços da carne. Nada disso eu amo, quando Deus me ama e eu O amo”.

E contudo, continuamos, agora positivamente, com o santo: “Amo uma LUZ, uma VOZ, um PERFUME, um ALIMENTO, e um ABRAÇO, quando Deus me ama e eu O amo. ‘Luz’, ‘voz’, ‘perfume’, ‘alimento’ e ‘abraço’ de um ser humano criado-redimido-santificado à ‘imagem e semelhança divina’: onde brilha para minha alma uma ‘luz’ que nenhum espaço contém, onde ressoa uma ‘voz’ que o tempo não arrebata, onde se exala um ‘perfume’ que o vento não esparge, onde se saboreia um ‘alimento’ que a sofreguidão não diminui, onde se sente um “abraço’ que a saciedade não desfaz”. Sim, eis “o que amo quando Deus me ama e eu O amo!”.

Dom Jacinto Bergmann, Arcebispo Metropolitano da Igreja Católica de Pelotas

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