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Convite à Reflexão sobre Paixão e Ressurreição
22.03.2018 | 15:35 | #capelania-e-identidade-crista
Convite à Reflexão sobre Paixão e Ressurreição
Apresentação: 

A mística cristã nos prepara para lidar com a dor, o sofrimento e a morte. Humanamente, não temos explicação para as mortes prematuras e o sofrimento de inocentes.  Muitas pessoas sofrem sozinhas. A fé cristã nos oferece um caminho para enfrentar o próprio sofrimento e para sermos solidários com o sofrimento alheio. A certeza da Ressurreição de Cristo nos abre a esperança de que a morte não tem a última palavra e que Deus nos prepara um novo céu e uma nova terra, que se iniciam agora e culminam em uma vida em plenitude, onde Deus será tudo em todos.
 
Apresentamos aos leitores um texto sobre a Paixão, outro sobre a Ressurreição.  O primeiro apresenta uma reflexão sobre a Paixão de Cristo. Ele enfrentou sozinho a sua paixão. Na hora decisiva, seus discípulos dormiram.  Como enfrentamos nossas horas de dor e sofrimento?  Como exercemos nossa solidariedade com os que sofrem?  Ou será que também estamos dormindo, isolados no nosso pequeno mundo?

O segundo texto apresenta uma reflexão sobre o tema da morte e da ressurreição. Se Cristo ressuscitou, como acontecem tantas desgraças, tantas doenças, tanta guerra, pergunta o Papa?  Francisco conta a história do telefonema de um jovem, que foi acometido de uma doença grave e se pergunta: por quê? O que o Papa lhe terá respondido? O que diríamos nós, diante de uma doença grave nossa ou de um amigo?

A solidariedade com os que sofrem pode resultar em sofrimento para nós. A morte de Jesus foi uma morte cruel e injusta, mas que nos trouxe vida e ressurreição. Foi à morte por uma causa: a redenção humana. Há outras mortes por causas nobres, como a da vereadora Marielle Franco, assassinada no dia 14 de março no Rio de Janeiro. Militante dos direitos humanos, mulher negra e favelada, Marielle morreu denunciando violências contra o povo das favelas. A morte de Marielle nos lembra a morte de tantos justos que deram a vida por uma causa. Forças do mal tentaram calar sua voz. Mas essa voz não pode ser calada. Outras Marielles surgirão. Como surgiram tantos seguidores de Jesus, antigos e novos mártires da justiça e da fraternidade.

Reflexão sobre a Sexta-feira Santa: Paixão e Morte do Senhor

"Rezar a Paixão do Senhor é segui-lo no seu esvaziamento por amor do mundo, dos homens" (Radio Vaticano, 14/04/2017). O Senhor está sozinho em sua luta pela salvação do mundo. Ele dará o sim ao Pai, um sim total e definitivo em nome de toda a Humanidade. Após a Ceia, o Senhor se retira para rezar com seus discípulos, mas eles dormem. Jesus sente a solidão. É difícil ficar só. Ele volta três vezes ao grupo, mas eles dormem. Diante do Senhor o universo do pecado, do desconhecimento do amor divino, do menosprezo do carinho de Deus.

Jesus sente o peso dos pecados de todos os homens. Sente o peso da natureza humana em ruptura com o Pai, submetida ao “Príncipe das Trevas”.  É a hora da opção, da escolha definitiva. Ele sendo o “SIM” do Pai deve ratificar sua missão. Até em sua carne repercute o drama de sua escolha a ponto de suar sangue. “Minha alma está triste até a morte”. 

Jesus é tentado a largar tudo, a renunciar. Ele diz: “Pai, afasta de mim este cálice”! Contudo esse grito de dor, já é demonstração de confiança e também já é uma aceitação.  Pai, não o que eu quero, mas o que Tu queres!  E nós, como vivemos os momentos duros de paixão, de solidão?  Sejamos humildes como Jesus foi humilde.  Ele, o filho de Deus pede e aceita o reconforto do Anjo... Sinal do amor do Pai.

Páscoa da Ressurreição

A certeza na ressurreição nos acompanha, mesmo diante das dores, das tragédias, daquilo que não entendemos. Na Missa presidida na Praça São Pedro, no Domingo de Páscoa, Papa Francisco exortou os fiéis a repetirem em casa: “Cristo ressuscitou!”, mesmo diante das vicissitudes da vida (Páscoa 16/04/2017). “O caminho em direção ao sepulcro é a derrota, é o caminho da derrota”, disse o Papa, falando de forma espontânea. E remetendo-se à cena de Pedro, João e as mulheres diante do sepulcro vazio, observou que “foram com o coração fechado pela tristeza, a tristeza de uma derrota, porque o Mestre, o seu Mestre, aquele que tanto amavam, foi derrotado”.  “Mas o Anjo diz a eles: “Não está aqui, ressuscitou!”. É o primeiro anúncio, ressuscitou! E depois a confusão, as dúvidas, as aparições”, diz Francisco. 
 
E diante de nossas derrotas, de nossos corações amedrontados, a Igreja não cessa de repetir: “Pare! O Senhor ressuscitou!”. “Mas se o Senhor ressuscitou como acontecem estas coisas? – questiona-se Francisco. Como acontecem tantas desgraças, doenças, tráfico de pessoas, guerras, destruições, mutilações, vinganças, ódio? Onde está o Senhor?”.   O Papa ilustra esta dúvida que percorre o coração de tantos de nós, contando o telefonema a um jovem italiano na tarde de sábado, acometido de uma doença grave, para dar um sinal de fé: “Um jovem culto, um engenheiro. Eu disse a ele: “Mas, não existem explicações para aquilo que acontece contigo. Olhe para Jesus na Cruz. Deus fez isto com o seu Filho e não existe outra explicação! E ele me respondeu: “Sim! Mas perguntou ao Filho e o Filho disse que sim. Mas eu não fui perguntado se eu desejava isto!” “Isto nos comove” – disse Francisco. Ninguém de nós é perguntado: “Mas, estás contente com aquilo que acontece no mundo? Estás disposto a carregar esta Cruz?” 

Hoje a Igreja continua a dizer: “Pare! Jesus Ressuscitou!” E isto não é uma fantasia, a Ressurreição de Cristo não é uma festa com muitas flores. Isto é bonito, mas não é só, é mais do que isto. É o mistério da pedra descartada que se torna o alicerce da nossa existência. Cristo Ressuscitou, este é o significado...” Ao concluir, o Papa Francisco pede a cada um dos ouvintes: “Pensemos um pouco, cada um de nós, nos problemas cotidianos, nas doenças que temos e que alguns de nossos parentes têm, nas guerras, nas tragédias humanas. E simplesmente, com voz humilde, sem flores, sozinhos, diante de nós mesmos: “Não sei como vai acabar isto, mas estou certo de que Cristo Ressuscitou. Eu aposto nisto! Irmãos e irmãs, isto é o que me vem de dizer para vocês. Em casa hoje, repitam no coração de vocês, Cristo ressuscitou!” (JE).

Páscoa é um convite a nos rendermos ao poder da fé em Cristo Ressuscitado, ao Grande Vivente, que passou pela morte, mas a quem o Pai fez ressurgir e que agora vive no meio de nós. Cristo ressurgiu de verdade, confessam os cristãos. Nessa fé está o segredo de sua esperança e de sua coragem de enfrentar as decepções e sofrimentos que a vida nos proporciona.

Padre Martinho Lenz, SJ
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