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[Convite à Reflexão] - Capelania UCPel
23.04.2014 | 11:20 | #capelania-e-identidade-crista
[Convite à Reflexão] - Capelania UCPel
É PÁSCOA!

Celebramos bem esse evento central do Cristianismo, a Ressurreição de Jesus, à medida em que melhor tivermos percorrido a Quaresma, tempo litúrgico de preparação. Não podemos esquecer, porém, do que ensina aquele canto entoado em nossas comunidades: “a Páscoa não é só hoje; a Páscoa é todo dia”.

Por isso a memória viva que fazemos do que aconteceu com Jesus precisa incluir o todo de sua existência: a sua morte na cruz e a Ressurreição, mas sempre afirmando a vinculação desses fatos com o modo como Jesus viveu, as decisões que tomou, as atitudes que marcaram a sua trajetória terrena (Acolhida, Misericórdia, Serviço, defesa das pessoas marginalizadas,...). Só assim a vida de Jesus permanece como luz para nós hoje.

Ao mesmo tempo, a memória pascal não é mera referência ao passado, e sim compromisso no presente e abertura ao futuro. Nesse sentido, seguimos apresentando um artigo sobre o tráfico humano, tema da Campanha da Fraternidade deste ano. A chaga do tráfico humano envolve muitas situações de morte. Mas toda vez que a sociedade e a Igreja trazem vida nova às vítimas desse flagelo também aí passa a brilhar a luz renovadora da Páscoa. Com Esperança, sigamos semeando essa Vida Nova, com mais razão quem, enraizado em Jesus Cristo, compartilha da fé em sua Ressurreição.

O outro texto é uma carta aberta ao papa Francisco. Trata-se de uma ação de graças, a que somos chamados a nos associar, pelo momento vivido pela nossa Igreja, tempo de ventos novos, de maior comunhão com quem está perto de nós, e de saída de nós mesmos para nos encontrarmos com gente que está distante ou afastada.

Assim, a VIDA NOVA do RESSUSCITADO vai sendo construída a cada dia, com a colaboração da liberdade humana que peregrina confiante na Presença divina. Por sua Graça, o Senhor nos acompanha e fortalece, e nos prepara desde já a Plenitude do seu Reinado. Comunhão eterna...

Pesquisa indica que imprensa cobre tráfico de pessoas de forma equivocada
Leonardo Sakamoto (13/04/2014)
[ Blog do Sakamoto (uol blogosfera) ]

O tráfico de seres humanos para trabalho escravo, exploração sexual, remoção de órgãos, mendicância forçada, adoção ilegal e casamento forçado é um dos crimes mais lucrativos do mundo. Apesar disso, ele ganha muito menos destaque nos noticiários brasileiros do que o tráfico de drogas ou de armas.

Ao mesmo tempo, nós jornalistas cobrimos mal o tema, sendo pautados pelo governo, Justiça, polícia ou novelas e não tomando a dianteira em propor análises e investigações por conta própria. Isso sem contar que, involuntariamente, por causa da falta de formação e informação, acabamos por perpetuar determinados preconceitos. Preconceitos como: apenas mulheres são vítimas de tráfico para exploração sexual, esse problema envolve apenas brasileiras no exterior, só grandes máfias controlam o comércio de gente, somente pessoas pobres e ingênuas tornam-se vítimas ou todo boliviano trabalhando em oficina de costura de São Paulo é vítima de trabalho escravo.

É o que aponta a pesquisa “Tráfico de pessoas na imprensa brasileira”, desenvolvido pela Repórter Brasil, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e o Ministério da Justiça. Ela foi lançada no dia 11/04, junto com um guia para jornalistas com referências e informações sobre o enfrentamento ao problema para ajudar jornalistas e profissionais de comunicação do poder público, empresas e organizações não governamentais a tratarem do tema.

Realizado no auditório da Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, no centro de São Paulo, o lançamento contou com um debate entre representantes, além da própria secretaria, do Ministério da Justiça, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, do Ministério do Trabalho e Emprego, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, da Assembleia Legislativa, da UNODC, da Organização Internacional do Trabalho e de organizações da sociedade civil, entre outros.

A pesquisa “Tráfico de pessoas na imprensa brasileira” (versão digital em PDF) teve como base a análise de 655 textos publicados entre 1º de janeiro de 2006, ano de lançamento da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, e 1º de julho de 2013, ano do II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.

O estudo indica que o tema ainda não recebe atenção suficiente por parte da mídia. Em 57% dos textos analisados, o tráfico de pessoas é apenas mencionado, não raro de forma equivocada, misturando conceitos e interpretações. Entre os 43% restantes, a maioria (54%) não trata de causas ou contextualiza a questão e boa parte (44%) é focada apenas no tráfico para fins de exploração sexual.

A cobertura se baseia na agenda governamental ou em ações policiais e em muitos casos limita-se a aspectos criminais, sem os aprofundamentos necessários para tratar de um fenômeno complexo, multifacetado e dinâmico, com diferentes modalidades, causas e consequências.

O “Guia para jornalistas com referências e informações sobre enfrentamento ao tráfico de pessoas” (versão digital em PDF), baseado em entrevistas com especialistas, entre autoridades, acadêmicos e representantes da sociedade civil, reúne recomendações para a cobertura e acompanhamento, incluindo sugestões de fontes, datas importantes e o marco legal, com indicações da legislação e de tratados internacionais ratificados pelo Brasil.

A publicação elucida que as definições previstas no Protocolo de Palermo são as mais amplas sobre o problema e destaca que o Brasil é um país de origem, trânsito e destino de tráfico de pessoas, o que torna a cobertura complexa, delicada e relevante.

Aos jornalistas preocupados em acompanhar a questão, o guia recomenda focar direitos humanos, contextualizar, acompanhar políticas de prevenção, diversificar fontes, ter atenção para identificar novas modalidades de tráfico.

Por se tratar de um fenômeno clandestino e de difícil mensuração, a publicação sugere cuidado com números e estatísticas, e com os mitos e estereótipos que ainda são comuns e mais atrapalham do que ajudam no entendimento sobre o tema. A publicação propõe uma abordagem integral, e destaca que não existe um perfil único de vítimas; em tese, qualquer pessoa pode ser traficada. Ao aprofundar a questão é preciso sensibilidade com as vítimas, que não devem ser tratadas como coitadas, inocentes, ignorantes, mas como sujeitos de direitos que merecem respeito.

Também vale cuidado redobrado em casos que envolvem crianças e adolescentes, e estar atento a termos inadequados (o guia traz diversos exemplos). Outras recomendações são ter a perspectiva de gênero e lembrar que diferenças sexuais são produtoras de desigualdades sociais; entender migração como um direito humano; e considerar que a prostituição não é crime no Brasil. Há análises específicas sobre cada um desses pontos na reportagem.

Com informações de Daniel Santini, Repórter Brasil.

Para baixar os documentos em PDF mencionados no texto, clique aqui.


Carta ao papa Francisco
 
(Pe. José Antonio Pagola, teólogo)
[ Fonte: www.adital.org.br  -  10.04.2014 ]

"Quase sem dar-nos conta, você está introduzindo no mundo a Boa Notícia de Jesus Cristo. Você está criando na Igreja um clima novo, mais evangélico e mais humano. Você está nos oferecendo o Espírito de Jesus Cristo...”

Querido irmão Francisco,

Desde que foste eleito para ser a humilde ‘Rocha’ sobre a qual Jesus quer continuar construindo hoje sua Igreja, acompanhei com atenção tuas palavras. Agora, acabo de chegar de Roma, onde pude te ver abraçando crianças, bendizendo enfermos e inválidos e saudando a multidão.

Dizem que és vizinho, simples, humilde, simpático... E não sei quantas coisas mais. Penso que há em você alguma coisa mais, muito mais. Pude ver a Praça de São Pedro e a Via dela Conciliazione cheias de gente entusiasmada. Não creio que essa multidão se sinta atraída somente por tua simplicidade e simpatia. Em poucos meses você se converteu em uma ‘boa notícia’ para a Igreja e, também, para além da Igreja. Por quê?

Quase sem dar-nos conta, você está introduzindo no mundo a Boa Notícia de Jesus Cristo. Você está criando na Igreja um clima novo, mais evangélico e mais humano. Você está nos oferecendo o Espírito de Jesus Cristo. Pessoas afastadas da fé cristã me dizem que as ajudas a confiar mais na vida e na bondade do ser humano. Alguns que vivem sem um caminho para Deus me confessam que acordou em seu interior uma pequena luz que os convida a revisar sua atitude frente ao mistério último da existência.

Eu sei que na Igreja precisamos de reformas muito profundas para corrigir desvios alimentados durante muitos séculos, porém, nestes últimos anos, foi crescendo dentro de mim uma convicção. Para que se possam realizar estas reformas, precisamos, previamente, de uma conversão num nível mais profundo e radical. Precisamos, sinceramente, voltar a Jesus, colocar as raízes de nosso cristianismo com mais verdade e mais fidelidade em sua pessoa, sua mensagem e seu projeto do Reino de Deus. Por isso, quero exprimir-te que é isso o que mais me atrai de seu serviço como Bispo de Roma neste começo de tua tarefa.

Eu te agradeço que abraces as crianças e as apertes ao teu peito. Estás nos ajudando a recuperar aquele gesto profético de Jesus, tão esquecido na Igreja, porém tão importante para entender o que esperava de seus seguidores. Segundo relatam os Evangelhos, Jesus chamou os doze, pôs uma criança no meio deles, apertou-a entre seus braços e lhes disse: "O que acolhe a uma criança como esta em meu nome, está acolhendo a mim.”

Tínhamos esquecido que no centro da Igreja, atraindo a atenção de todos, devem estar sempre os pequenos, os mais frágeis e vulneráveis. É importante que estejas entre nós como ‘Rocha’ sobre a qual Jesus constrói sua Igreja, porém é tão importante ou mais que estejas em nosso meio abraçando os pequenos e bendizendo aos enfermos e os que não têm valor, para nos lembrar como acolher a Jesus. Este gesto me parece decisivo nestes momentos em que o mundo corre o risco de se desumanizar criando incompreensão com os últimos.

Eu te agradeço que nos chames de forma tão repetida a sair da Igreja para entrar na vida onde sofremos e nos alegramos, lutamos e trabalhamos: esse mundo onde Deus quer construir uma convivência mais humana, justa e solidária. Creio que a heresia mais grave e sutil que penetrou no cristianismo é de ter feito da Igreja o centro de tudo, afastando do horizonte o projeto do Reino de Deus.

João Paulo II nos lembrou que a Igreja não é um fim em si mesma, mas somente “semente, sinal e instrumento do Reino de Deus”, porém suas palavras se perderam no meio de muitos outros discursos. Agora desperta em mim uma alegria grande quando nos chamas a sair da “autorreferência” para caminhar em direção às ‘periferias existenciais’.

Aproveito, sublinhando tuas palavras: "Devemos construir pontes, não muros para defender a fé”; precisamos de "uma Igreja de portas abertas, não de controladores da fé”; "a Igreja não cresce com o proselitismo, mas com a atração, o testemunho e a pregação”. Parece-me escutar a voz de Jesus que, do Vaticano, nos empurra: "Ide anunciar que o Reino de Deus está perto”, "ide e curai os enfermos”, “o que de graça recebeste, devolve-o de graça”.

Também te agradeço pelos teus apelos contínuos a converter-nos ao Evangelho. Como conheces bem a Igreja! Surpreende-me tua liberdade em dar nomes aos nossos pecados. Não o fazes com linguagem de moralista, mas com a força do Evangelho: as invejas, a ansiedade de fazer carreira e o desejo do dinheiro; “a desinformação, a difamação e a calúnia”; a arrogância e a hipocrisia clerical; “a espiritualidade mundana” e a “burguesia do espírito”; os “cristãos de salão”, os “crentes de museu”, os cristãos com “cara de funeral”. Preocupa-te muito “um sal sem sabor”, “um sal que não sabe a nada”, e nos chamas a sermos discípulos que aprendem a viver com o estilo de Jesus.

Não nos chamas só a uma conversão individual. Empurra-nos a uma renovação eclesial, estrutural. Não estamos acostumados a escutar essa linguagem. Surdos ao chamado renovador do Vaticano II, esquecemos que Jesus convidava seus seguidores a “pôr o vinho novo em odres novos”. Por isso me enche de esperança tua homilia da festa de Pentecostes: “A novidade nos dá sempre um pouco de medo porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós os que construímos, programamos e planificamos nossa vida segundo nossos esquemas, seguranças e gostos... Temos medo de que Deus nos leve por caminhos novos e nos tire de nossos horizontes, muitas vezes bem limitados, fechados, egoístas, para abrir-nos aos seus”.

Por isso nos pedes que nos perguntemos sinceramente: “Estamos abertos às surpresas de Deus ou nos fechamos com medo às novidades do Espírito Santo? Estamos decididos a percorrer os novos caminhos que a novidade de Deus nos apresenta ou nos entrincheiramos em estruturas caducas que perderam a capacidade de dar respostas?” Tua mensagem e teu espírito estão anunciando um futuro novo para a Igreja.

Quero terminar estas linhas expressando-te humildemente um desejo. Talvez não poderás fazer grandes reformas, porém podes dar um impulso à renovação evangélica em toda a Igreja. Com certeza podes tomar as medidas oportunas para que os futuros bispos das dioceses do mundo inteiro tenham um perfil e um estilo pastoral capaz de promover essa conversão a Jesus que tu queres encorajar desde Roma.

Francisco, és um presente de Deus. Obrigado!


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